(arte digital, obra do autor)
Fale-me da noite.
Romântica, negra ou escura.
Trás no topo a lua dos amantes.
Verte-se em estrelas, camufla sonhos...
Fale-me da noite.
Fria, quente, feliz e às vezes sombria.
Trás nos camuflados sonhos, pesadelos
que se cristalizam, vão e voltam, e na febre
dos dias ruins se mostram verdades.
Fale-me da noite.
Elegante, altiva, furtiva.
Oculta o bem, oculta o mal, caprichos
das escolhas dos homens terrenos
que a cada dia mais se distanciam dos céus.
Fale-me da noite.
Pois que culpa tem ela de ser ausência de luz?
É por causas naturais, porventura má?
Fale-me da noite.
À beira das fogueiras como os antigos, ao
som de histórias que se passaram até chegarem
aos dias de hoje, histórias que se tornaram lendas,
mitos, e para alguns estórias apenas.
Fale-me da noite.
Esta que trás verdades, que oculta mentiras,
bandida cheia de culpa e por vezes inocente réu.
Caprichos do destino, que a vestiu de mel féu!
Fale-me da noite antes que venha o dia e eu
perceba minha parcela de culpa em tudo e
tenha que arcar sozinho com as consequências.
Talvez já não seja mais noite, e eu já não
tão infantil assim, para temer a noite,
muito menos o raiar do dia, o que me coloca
de cara para fora da caverna da alma, que
busca ser alva, assim como a noite a busca,
na brancura das estrelas e na luminosidade
da lua.
Fale-me da noite.
Desta ausência de luz, que mais parece minha
alma na peregrinação do retorno ao Divino.
Fale-me da noite.
Faça com que me achegue mais,quem sabe,
não seja ela a minha alma gêmea?
By Adalmir Oliveira Campos
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