Sou louco sim, destes que só falta atirar pedra.
Mas sou um pouco como Emília do Sítio do Pica-Pau
Amarelo.
Me ponho a questionar o inquestionável.
Por que a melancia não nasce em árvores e as jabuticabas
em meio às ramas?
São preferíveis as jabuticabas, ao menos para mim, seria
muito mais fácil colhê-las.
Posso, quem sabe ir para o inferno, ou não, quem sabe Deus
não fala através de seus poetas!
Dizem que sou louco, pois às vezes questiono o próprio Deus.
Que blasfêmia, já ouvi.
Deus é inquestionável.
Mas o sol nem sempre foi o centro de nosso sistema solar.
As coisas evoluíram através dos loucos das histórias passadas.
Encucado questiono o sofrimento e a dor...
Tão idolatradas como mestras e criadoras de deuses humanos,
mais sensíveis, humanos e polidos, em busca de um céu e encontro
com um Deus superior.
Não nego a existência Deste.
Quem sou eu?
Mas que sofrimentos teve Ele para se tornar Deus, quais dores
Sentiu, quais Humilhações, que tipo de Servidão e Silêncio diante
da opressão, ditaduras, corrupções?
Não digo do Deus "Jesus" nascido como homem na terra.
Questiono o que veio a milhares e milhares de anos antes deste
e até mesmo antes de todos nós.
Não poderíamos evoluir e nos tornarmos perfeitos assim, sem
tantas dores, sofrimentos, perdas, desamor, e infernos terrenos?
Que diabo de deus seria este que impõe dor como lapidação do
ser humano?
E ainda usam exemplos absurdos de que se não fosse o sofrimento,
as ostras não ocasionariam a pérola, sem o polimento o diamante não
poderia alcançar tamanho brilho, longe de impurezas. "É mais fácil um
camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico alcançar
o reino dos céus", ou um injusto, ou um que não conhecesse a Jesus.
Que deus é esse que faz escambo com seus fiéis, em troca de favores?
Se tudo fosse assim, a partir do sofrimento, não poderíamos reclamar da escravidão, não poderíamos reclamar da corrupção, não poderíamos reclamar de maus tratos de patrões desumanos e sádicos, que sentem prazer na dor alheia.
As mulheres deveriam ser submissas aos seus maridos, como nas visões
distorcidas do passado, aguentarem seu maridos pinguços, as surras
a cada noite e amanhecer.
Não creio, me perdoem os grandes filósofos, teólogos, religiosos, que seguem
estas ideologias, que a dor, sofrimento e misérias fazem o homem e a mulher
melhores.
Acredito sim, que determinadas situações podem até abrir os olhos de pessoas
para o seu lado mais humano e fraternal, possibilitando-lhes oportunidades de melhores escolhas de vida, para si, e em suas atitudes para com o próximo.
Conheço pessoas que passaram por doenças como câncer e mudaram da água
para o vinho, dando mais valor à vida, a si e aos seus semelhantes. Bem como conheço outras que passaram pela mesma peste, e mesmo assim continuaram
tiranas, arrogantes, e impositoras das suas vontades, fazendo sofrer os seus
subordinados, como si isto lhes causasse prazer, e não duvido que causssem.
Ainda se vangloriam, dizem que o que falam deles é coisa de invejosos
que gostariam de roubar seus lugares. E como não percebem o mal que fazem
aos outros, continuam com as mesmas ações, criando doutrinas arbitrárias,
regras impraticáveis, exigindo que façam o que falam, mesmo que suas
ações sejam totalmente distantes de suas práticas. Verdadeiros ditadores,
infelizes e hipócritas, que não conseguindo a felicidade com o que plantam,
tentam roubar a dos outros a qualquer preço.
Que Deus me perdoe se eu estiver errado.
Mas não mudo de opinião.
Acredito que podemos aprender no amor, na felicidade, no bem viver, no bem estar, no viver dignamente como filhos de Deus, que veio para libertar os oprimidos, para libertar os cativos, para acolher os que estão à margem da sociedade, os excluídos, e no amor, ensinar-lhes um novo caminho, o qual se constrói cotidianamente...
Autoflagelo, bem como ser flagelado, não conduz ninguém ao céu.
Muitos usam a força e a violência nessas crenças absurdas. Penso serem idéias
fixas, criadas por governos e igrejas antigas, dominadores, que espalham idéias que fazem as pessoas se sentirem culpadas de serem felizes, de serem boas, de serem justas, como meios de evitarem cobranças de seus representantes políticos e religiosos que se enriquecem às custas destes humildes...
Deus não é este capataz que pitam por aí, que chicoteia e diz, sofre pecador,
sofre que é no sofrimento que ganhará o céu, se fosse assim, o inferno seria
terra de futuros santos e santas de Deus.
Não sou barro, não sou ostra, não sou bambu, muito menos diamante.
Sou filho de Deus, nem mais sou criatura.
Fui criado à sua semelhança, a herdar o reino dos céus, e da terra, a qual
diz Ele um dia juntar-se em uma só morada.
Riqueza alguma leva ao inferno, se fosse assim, muitos pastores e papas seriam
os primeiros a irem para o inferno.
Por que não podem os simples viverem como seus pastores, na fartura e
bem viver? já foi a época que pastor era sinônimo de simplicidade, de entrega, de cuidador, de pessoa que se coloca em segundo plano para cuidar dos que estão sob a sua proteção.
Ah! já sei a resposta, só sofrendo se alcançará o reino do céu.
Me engana que eu gosto.
Se é o sofrimento que nos lapida, que nos leva às pérolas, e etc.
O mundo está regredindo, pois estão abolindo a escravidão, estão
abolindo a fome, a miséria, criando remédios para as doenças,
indo contra à corrupção, abolindo a homofobia, a discriminação
pela cor, e por aí vai.
Que se coloque todos numa fogueira, como se colocavam às bruxas
na antiguidade, quem sabe assim, não nos purificaremos pelo fogo, e passaremos
direto para o céu, e acabemos com esse sofrimento que nos cozinha aos poucos como rãs indefesas, que não percebendo o aumento da temperatura morrem cozidas.
Se até os animais merecem um morte rápida o bastante que não lhes cause sofrimentos antes de suas carnes irem para o frigorífico, e para nossos pratos, não o mereceríamos nós? Ou suas carnes são impuras por não terem passado pelo sofrimento, já que não possuem alma e espírito, fazendo com que nós passemos por este sofrimento lento, que nos consome no desejo constante de um morte que não vem, de um céu que nos parece impossível e a cada dia mais distante?
By Adalmir Oliveira Campos
adalmir-campos.blogspot.com.br
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