Saber a dor do sertanejo é passar como
num cortejo por tudo que ele passou e
ainda encontrar forças para sorrir e
receber as pessoas com um café coado
no pano e belas histórias para contar.
O sertanejo é pedra bruta que por dentro
trás imenso valor o qual expõe
carinhosamente através do seu trabalho.
Sofre preconceitos por às vezes não saber
o b a bá, mas há os que o sabem.
E no seu saber genético, das experiências,
no campo e na vida ensinam mais do que
doutor.
Entendem de amor, de ganhas e perdas,
de saber separar o joio do trigo, o que
mata e o que trás a vida.
Pena os sertanejos estarem em extinção.
Abandonado fogões à lenha pela
industria das cidades grandes,
esquecendo que são os homens e
mulheres do campo que promovem a
vida pra todo canto, até para aqueles
que moram lá nas cidades.
As máquinas tomam o seu lugar, mas
o sertanejo tem raízes, não é toco à
deriva nas ondas do mar... Mesmo
em extinção, há muitos que se dão
valor e não aluem o pé do lugar.
Tocam viola, faz ela cantá.
Falam trem e ocê, cumadi, cumpadi,
e vivem as festas e as tradições,
com santinhos no altar e o tercinhos
nas mãos.
Mechem com moça bonita, as enche
de presentes e fitas, e arrasta pra
dançá. Vida melhor do que a de
sertanejo com certeza não há.
Talvez a discriminação seja a dor de
cotovelo daqueles que não trazem na
alma o cheiro do curral, o frescor da
chuva no quintal, o cantar do passarinhos
que acordam com o galo espantando
galinhas pro terreiro, fora dos ninhos,
bem como o sabor da massa gostosa
antes do ponto do queijo, e do tradicional
bolinho de chuva, os biscoitos de
polvilho, doces e pães de queijo, indo
além das comilanças, no trotar do cavalo
no apartear do gado, das cavalgadas
sob a lua cheia pra casa da namorada,
amor que estonteia.
Fogueiras de São João, pipoca e quentão...
É bom que saibam que é ser sertanejo
que é bom.
Na cidade todos vivem conectados
nesses tal de celular, computador
e Smartphones (etc) e o contato com o
outro a cada dia mais restrito, mesmo
na mesma sala ou cozinha, se comunicam
pelos aparelhinhos como que por telepatia.
Com certeza não há o que invejar.
Há muito por fazer e com o que ocupar
a mente, além de passar o dia a teclar,
curtir, compartilhar fotos e blá blá blá.
Sertanejo acorda cedo, às vezes come
um mexidão do que sobrou do dia anterior,
vai pra roça e trabalha na arte em que é
doutor, e quando sobra tempo, dedica
aos seus, depositando muito amor.
Pode até da uma zoiadinha na internet,
pois caipira também evolui, mas as raízes,
a essência sempre falam mais alto.
Não são tão cabeça dura como dizem,
são sábios e muito entendem do coração,
evitam assim o que faz mal às emoções,
principalmente em relação aos outros
sertanejos e humanos, seus irmãos.
Vida de sertanejo é difícil, dependem
de chuva, de sol e de ventos, sem falar
das boas condições do mercado para
que possam ter uns lucrinhos e continuar
a alimentar o mundo, pois está é sua sina,
mas merecem toda valorização do mundo.
Nem sempre andam como Cowboys.
Calçam tênis e chinelas, usam bonés
e chapéus de palhas, não são nenhum
homem das cavernas, tem muitos que
possuem carro de boi por tradição,
carroça por prazer e camionetas
por ostentação.
Mas geralmente possuem a alma simples
como a de um pastor a conduzir as ovelhas
e o que importa realmente é o amor em
ação que vai além da lua cheia.
Sempre tem um lugar a mais na mesa,
se chega alguém inesperado põem água
no feijão, vão no quintal e fazem festa,
é frango caipira, mandioquinha branquinha,
verduras fresquinhas e tudo vira fartura,
coisa que na cidade se encontra apenas
nos supermercados, açougues e sacolões.
Roça é bão demais, ser sertanejo melhor
ainda, pena que nem todos reconhecem
seu valor, mandam os filhos pra cidade
para virarem doutor, ao invés de
incentivá-los aos estudos que possibilitem
o sucesso mas na terra que lhes possibilita
a vida e o diploma a ser adquirido, dando
continuidade ao que deve sempre existir.
Ser Caipira está na genética não tem jeito.
Mesmo sendo doutor, vai querer usar botina,
vai falar ocê, vai gostar de cavalo, vai
querer sentir o cheiro de mato, nadar nos rios,
se colocar debaixo de cachoeiras, viver
a plenitude que só trás a vida sertaneja.
e etcetara, vida sertaneja não cabe em uma
página só, quem deras num poema.
By Adalmir Oliveira Campos
adalmir-campos.blogspot.com.br
adalmiroliveiracampos.blogspot.com.br
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