Novamente noite.
É escuro lá fora.
Mesmo quente dá a impressão de frio.
A escuridão me parece tão densa a
ponto de ser cortada com faca de
sobremesa e pronta para passar no pão.
Este pão que o diabo amassou.
Vida transloucada e de aparência vazia.
Dá a entender que as lutas foram em vão.
Dá a entender que para as feridas não há solução.
E o sangue corre da alma que se dobra de joelhos
e cai por terra.
É o peso da cruz.
É o martírio mais longo, fincado, dolorido, onde
nem o vinagre e outros venenos parecem adiantar
no alívio da dor e no abreviar da morte.
Escravo de um corpo.
Prisão chamada terra...
Assim peça falha do sistema, é como me sinto.
Tudo ao redor, as paisagens, oque alcança a vista,
os fatos sociais, estes momentos com os demais,
parecem sonhos isolados, pesadelos até, no mais
miragens.
Os risos são sinceros, mas contidos e se vão.
Os beijos são quentes, mas gelam e se vão.
O abraço é apertado, mas afrouxa e se vai.
O amor parece certo, mas o alvo são desilusões e
este caminhar escuridão.
Já tentei óculos de grau, até lupa, acredite. Talvez
a redoma à qual me encontro é um mundo à parte
onde só caiba eu. Quem sabe egocentrismo ou
excesso de narcisismo.
Talvez se Freud voltar dos mortos não me dê um
rumo, certo aprumo. Ou quem sabe Jesus Cristo,
a quem sempre tenho aberto o coração.
Deus não tem culpa alguma. Eu assino minha
derrota diante da vida, onde o que colhi foram
perdas somente, fracassos e desilusões.
E por que viver, se de certo modo já se está morto,
a viver aqui e ali, a comunicar com o mundo como
que em sessões mediúnicas?
E a noite segue e não sessa, mesmo sendo dia,
e eu caminho na esperança do sol surgir dentro
de mim.
By Adalmir Oliveira Campos
adalmir-campos.blogspot.com.br
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