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sábado, 20 de maio de 2023

 


Chega uma ora na vida, em que, de tanto se anular, a pessoa já nem sabe quem mais é, 

como que um corpo, uma mente, emoções, sentimentos, trabalhando em prol do outro, 

pois dentro, em si, não vê por quem trabalhar.

O mundo gira em torno destes outros, das opiniões alheias, das expctativas, do que os outros vão pensar, 

dos sonhos, projetos, planos, quase que, como se não os tivesse em si, e para si,

e não fazê-lo aos outros, seria perder-se mais ainda, pois isto, faz com que não seja visto, notado, lembrado, aceito, validado, 

entendido como pertencente a algo, ou a um grupo, ou a uma família, ou a uma tribo, ou perceber-se assim, 

o que nem sempre é uma verdade, infelizmente, o mundo está cheio de verdadeiros vampiros da energia, tempo de vida e atenção de seus semelhantes.

Verdadeiros narcisistas!

E os questionamentos internos, estes, emitidos por um “eu inconsciente” adormecido, anestesiado, 

posto a funcionar em banho Maria, que em situação de sobrecarga, sobrevida, quase morte, em últimos suspiros, emite alertas, emite gritos de S.O.S, 

um oi eloquente, que não se deixa passar desapercebido, 

"eu" estou aqui, eu existo, tira teus olhos de fora, dos outros, do fazer somente aos outros em satisfação das vontades destes, e os põe em mim, 

aqui dentro, enquanto é tempo.

E as crises existenciais são intensas, carregadas de vazios, também intensos, 

e a doença instalada, a dependência dos olhares alheios, para existir, parece tomar conta, hoje, conhecida como dependência emocional.

Enquanto os gritos não são ouvidos pela parte consciente, 

enquanto não há respostas satisfatórias e mudanças no curso de vida, em reformas íntimas, em reconhecimento próprio, do próprio valor e existência, 

a auto aceitação, a auto validação, o auto amor, auto cuidados, tudo em si, padece de adoecimento.

Ansiedade, depressão, desregulação emocional intensa, dores físicas, cansaço, falta de energia, falta de sensações de alegria, de gozo, de prazer...

Nosso “Eu Superior” quase que implora nossa atenção, 

sobre os cuidados com os nossos jardins internos, com a retirada da trave que nos cega a nós mesmos, 

e nos leva a entendermos como ciscos nos olhos de nossos semelhantes, as traves que nestes também imperam, 

por um sentimento de inferioridade, causada pelas leis da comparação, com base em baixa autoestima e baixo auto valor.

O Status Quo, no qual vivemos, nos leva a agirmos e vivermos assim, cegos a guiarem outros cegos.

Em estados como estes, com medo, com vergonha, com sentimentos de culpa por se sentir tão pequeno e inferior, 

aceita-se qualquer migalha por atenção, por afeto, mesmo que negativo, 

e a cada busca lá fora, é como uma punhalada no próprio peito, em cheio, no coração e alma.

Morte!!

Que bom que somos equipados com corpos densos e sutis, e também, tão inteligentes, como um GPS que, 

mesmo em nevoeiros, em dores de parto, em ranger de dentes, em infernos astrais e terrenos, 

nos leva de volta ao começo/recomeço de nós, e continuidades mais humanas, mais espiritualizadas, 

mais sutis, menos densas, mais felizes.

São poucos os que nos querem bem, infelizmente!

 Em um mundo onde a competitividade, a visão distorcida, separatista, celetista de classes, de alienamento e dissociação, 

ninguém quer ficar para trás, e onde se deveria ver semelhantes e amigos, veem inimigos a serem combatidos, 

e o objetivo, tem sido a conquista do primeiro lugar, o topo do pedestal, as primeiras fileiras, as medalhas de “honra”, o destaque onde quer que esteja, 

e ter quem lhes serve a estes propósitos, vale a pena qualquer esforço, mesmo que negativos.

Não, não viemos somente para servir e ficarmos com migalhas, e transgredir tais regras de como viver, deve ser objetivo de vida, 

não no intuito de combatividade do outro para existir, 

mas, em tratamentos, semelhante a semelhantes, com reciprocidades de afetos, atitudes, 

ações e reações saudáveis e positivas.

Não precisamos de um mundo de senhores ricos e Lázaros, 

precisamos de um mundo onde não haja tal distinção/separação, 

e o que um pode viver, possamos ter as condições e recursos necessários de vivermos todos.

Um Todo bonito, é onde as partes que compõem este mesmo Todo, coexistam e vivam de forma fraterna, humana, espiritualizada, em comum, em harmonia, 

e há quem diz, que isto é impossível, pois Deus não quis assim, 

ou seja, o que vivemos, ainda, atualmente, dentro de um mundo onde prevalece a dualidade, como entendido,  

para vivermos experiências diferentes, 

e assim, aprendermos e evoluirmos enquanto seres humanos e espirituais que somos, ainda é a vontade deste Deus, ou é a vontade Deste,

mas repito, a história não nos basta para aprendermos, não existem outras formas mais saudáveis, 

livre de doses de infernos, de sobrevida de ranger de dentes?

Deus não é bom e justo?

Há bondade e justiça, em um viver assim, sobre este orbe?

Temos sido bons samaritanos, ou fariseus nada bons?

Até que ponto, sinônimo de homem e mulher de bem, nada bons, 

será este que vemos dia a dia, em um odiando aos outros, principalmente aos que não são conservadores, 

que fogem às regras e leis, condições que veem pecado onde este não existe,

como de pecado, não pecado, baseadas em preceitos morais arcaicos e ultrapassados, 

que deixam o bom caráter, as leis Universais e Constituições mais evoluídas, progressistas de lado?

Seria, a ordem imposta, uma homogeneização do ser, de modo a serem mais facilmente instrumentalizados, manipulados, usados como mão de obra barata e substituível?

Um mundo onde tantos “eus” sobrevivem à deriva das próprias confusões, 

dores emocionais e físicas, refletem este amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmos?

Que verdade é esta que não liberta, que luz é esta que ao invés de levar a enxergar, cega?

Ser Cristão, é colocar em cruz, colocar fardos, ou fazer o oposto disto?

Há tantos “eus” gritando dentro de si mesmos, mundo afora, mundo adentro, 

buscando pular para fora destas caixinhas fechadas, destas cavernas escuras, armários e bolhas de sofrimento, dor e fardos pesados, 

gritando: eu quero existir, eu quero viver, eu quero mais do que tem sido entregue, e acredite, 

por terem chegado até aqui, apesar de tanto, são merecedoras não somente de um céu depois daqui, 

mas de um céu, a partir daqui!

Por Adalmir Oliveira Campos

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