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sábado, 20 de maio de 2023

 


Há alguns dias atrás, li uma reportagem, em que um médico psiquiatra aconselhava rezar o Terço como forma de terapia, 

ou melhor, busca de cura para a depressão, e para isso, levantando vários pontos fundamentando sua teoria.

Acredito que para Deus, nada é impossível, e embora o Mesmo não interfira nas questões humanas, pois respeita o livre arbítrio destes, 

sabe melhor que ninguém, quem "merece" ou não uma cura, seja física, espiritual, psicológica, sentimental/emocional.

Afinal, milagres e coisas inexplicáveis acontecem todos os dias.

Por muitos anos, participei do catolicismo, rezei o terço, 

sou devoto de Nossa Senhora Aparecida, e confesso que, de certo modo, me deixava tranquilo rezar o terço, 

pois as formas de o rezar, seguem padrões de ferramentas espirituais e espiritualistas milenares, como a meditação, por exemplo.

Trabalha foco, postura, respiração, concentração, disciplina, resiliência, etc..

Fazia, o tal médico, um convite para sair da correria do dia a dia, indicando a oração do Terço, 

como um ritual para se reconectar com Deus, com Maria, mãe de Jesus, bem como, com a nossa própria essência.

Até aqui, super apoio!

É fato que, ao rezar o terço, nosso foco muda, os pensamentos agitados se acalmam, o momento é  o que importa, a sensação é de calmaria e regozijo!

Sempre acreditei que a oração faz milagres, e contribui para significativas e saudáveis transformações no mundo e nas pessoas, 

e acredito que isso não venha mudar, a não ser nas formas de oração, as quais, 

penso terem respostas qualitativas, positivas, quando acompanhadas de intenções salutares.

Rezar o terço, é como estar diante do altar para entregar a oferta a Deus, mas, em que, o coração estando "sujo", ou se tiver alguma coisa contra o irmão, 

não resta mais nada a fazer, que ir limpar o coração e se reconciliar com ele, lembrando que muitas vezes, este irmão nosso, somos nós mesmos.

(Quantos não se odeiam?)

Não quero desmerecer as orações do terço, muito menos, fazer julgamento e condenar, mas convidar à reflexão.

Como está sua mente, seu coração, suas emoções, seus sentimentos quando se coloca a rezar o terço?

Quais as intenções verdadeiras para consigo mesma, e para com seus semelhantes, quando reza o terço?

Tem algo contra seu irmão, se guia por preconceitos, discriminação, faz parte de grupos de ódio, costuma julgar, condenar, punir seus semelhantes?

A oração do terço, nos convida a um olhar interno, primeiramente, e a um olhar externo, em segundo plano, 

sendo o primeiro, o olhar interno, para dentro, ao que e ao qual, está sob nosso alcance “controlar”, conhecer, acolher, validar, amar, cuidar, ter respeito, se orgulhar, admirar, ter compaixão, perdoar, 

buscando assim, as transformações a que nos convida o Evangelho chamado Jesus Cristo (aqui, não falo de livros considerados sagrados, mas da própria experiência de Cristo),

O segundo olhar,  o olhar externo, o olhar pra fora, ao que e ao qual, não está sob nosso alcance “controlar”, mas ao que, aos quais, está sob nosso alcance: 

conhecer, acolher, incluir, integrar, validar, respeitar, cuidar, amar, admirar, se orgulhar (todos estão enfrentando verdadeiras batalhas dentro de si), ter compaixão, perdoar, etc., 

sendo este olhar para fora, um olhar como que, a um espelho que reflete a própria imagem, 

imagem esta, que reflete em cada um, o que tem sido ignorado, o que não tem sido posto sob profunda análise e reflexão, o que realmente pode ser transformado neste que está aí posto, refletido.

Não, rezar o terço nem é sobre os outros, é sobre nós, primeiramente, 

um amolecer de corações endurecidos pelo tempo, pelas agruras da vida, pelas boas novas, não tão boas, ou nada boas, postas e divulgadas mundo afora,

Levando medo, insegurança, culpa, vergonha, desespero, angústia, causando ansiedade, depressão, transtornos outros.

Ele não nos disse para não nos preocuparmos com o dia de amanhã? Não veste ele, os lírios dos campos, não dá abrigo e alimento aos passarinhos?

Vai nos deixar faltar algo?

A falta, é causa puramente humana (des)!

É muita gente que reza o terço, querendo resolver lá fora, nos espelhos, o que não está sob o próprio controle, a não ser, dos reflexos do que veem refletido nestes mesmos espelhos.

Bem, você deve estar se perguntando onde quero chegar com este texto, esta narrativa que já está ficando um pouco extensa, e olha que adoro narrativas extensas, cheias de detalhes.

Então, como não rezava o terço a muitos anos, pois a tempos, deixei de frequentar a religião católica, 

fui me atualizar, procurar por quem estava rezando o terço ao vivo na rede vizinha, a do tico e teco, e me assustei, quando, alguns pregadores, não sei o termo ao certo, com velas acessas, crucifixo nas mãos, símbolo de exorcismo, 

rezavam o terço, exortando a palavra, julgando, condenando e intencionando punições a pessoas de outras denominações religiosas, num extremismo que dói n'Alma, 

um fundamentalismo religioso que rememora tempos sombrios e de trevas na humanidade.

Maioria dos julgados, pessoas de religiões de matriz africana, bem como pessoas LGBT’s, etc., e tal, 

e eu simplesmente disse, “meu Deus, onde este mundo vai parar?”

Tanto ódio gratuito, tendo como escudo, uma prática religiosa, espiritual.

Não é à toa que deixei certas práticas religiosas, para uma prática mais ecumênica e universalista, de inclusão, de integração, universalização.

Como evocar o Espírito de Maria, de Jesus, o próprio Pai e Espírito Santo, para rezar contra a própria Criação, filhos outros, que seguem a um mesmo Deus, de modos e significados diferentes?

De que vale rezar o terço, se o coração está feito um caça a tesouros, em busca de ouro em uma praia cheia de piratas, ou um leão feroz em busca de sua preza, em meio a outros leões ferozes, 

todos, querendo a mesma preza?

Querer a queda do outro, a pena de morte, queimar na fogueira, é o retrato de um pouco maus de dois mil anos atrás, isso indica que ainda somos os mesmos?

Irmão, próximo, semelhante, é ninguém mais, ninguém menos, que eu e você, você e eu, nós!

Estamos esperando o que para irmos fazer as pazes, para voltarmos a deixar as ofertas no altar, rezar o texto, e fazer aquilo que o Pai/ Filho, Espírito, Universo, etc., tem nos convidado, que é amar?

Não é para para de rezar o terço tá bom? Claro que vai de fazer bem, desde que não deseje mal a ninguém.

Por Adalmir Oliveira Campos

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