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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Merlin e maia, os novos integrantes de casa

 


Nos últimos dias, adotamos dois filhotes de gatos, irmãozinhos,

ao macho, demos o nome de Merlin, à fêmea, demos o nome de Maia, ambos, muito lindinhos e amáveis.

Parece que não sentiram tanto a separação da mãe, e da antiga morada, brincam o tempo todo,

e onde a gente vai, eles vão, se deitamos pra dormir, deitam também,

se deixar, ficam colados na gente o tempo todo, volta e meia, alguns arranhões não propositais.

Se assustam com tudo o que é diferente, formas, sons, até que se torna conhecido pra eles, extremamente curiosos!

Eu fico a observar os mesmos, como a natureza é sábia, falo isso, sobre seus instintos,

sobre saberem o que fazer desde pequenos, quase que, como que fossem programados para agir de tal e tal forma.

E nós, não teríamos também, estes "instintos", quando ainda crianças?

Somos levados a deixar fluir, em nos revelando a nossa verdadeira essência, ou somos condicionados a vivermos longe da mesma, num viver às expectativas do sistema/alheias?

Merlin e Maia, sempre estão juntos, e quando um some por alguns instantes, escondido sabe-se lá onde, o outro já começa a miar, como que a chamar e dizer, “ei, estou me sentindo só”,

brincam, brigam, ou melhor, se exercitam ao mesmo tempo em que treinam autodefesa, e quando vão fazer “pipi” e “coco”, já, como que maquinalmente, jogam as patinhas para trás, buscando enterrar os sólidos e líquidos depositados no chão, mesmo estando sobre piso de cerâmica.

(Ainda não arrumamos a caixa de areia)

Dizem que animais são puramente instintivos, irracionais, mas tenho minhas dúvidas e faço minhas indagações a respeito,

pois agem, em certos momentos, demonstrando emoções, que dão a entender que sentem além dos instintos,

buscam por atenção, por carinho, por colo, como que, crianças em pleno desenvolvimento.

Ontem, recebemos visitas, e depois que estas foram embora, não encontrávamos o Merlin, chamamos por ele, fizemos todos os sons pra chamar gatos e nada.

Atrás da cortina, embaixo do sofá, debaixo da cama, embaixo do rack da TV, embaixo da pia, no quintal, na garagem, e nada.

A Maia, chegou a ficar tristinha, demos uma volta na rua, no quarteirão, e nada.

Um pouco entristecidos, voltamos à nossa rotina, e enquanto assistíamos TV e ajeitávamos o jantar,

a Maia adormeceu ao meu lado, dando a sensação de que nunca mais íamos ver o Merlin,

quando, de repente, depois de alguns minutos, escuto alguns miados, e o danado, sai entre os assentos do sofá, todo tranquilão, indo ao encontro da vasilha com leite e ração, um alívio!

Descobri, que dormem por dentro do forro do sofá, bem lá debaixo.

É bonita a forma como eles se cuidam, e isso é presente em muitos dos animais que conhecemos,

por vezes, vistos por nós humanos, como um modo de cuidar exemplar, modos estes, que não vemos entre os nossos semelhantes.

Adultos, tratam outros adultos como inimigos a serem superados, combatidos, derrotados, vencidos, onde vale quase tudo, para se estar no topo.

Hoje pela manhã, Merlin e Maia, agitavam diante da porta do quarto, me chamando a atenção, querendo entrar,

visto que não abri a porta no horário de costume, e quando abri a mesma, entraram todo sorrateiros demonstrando alegria,

brincando, subindo em tudo quanto há no quarto, e andando atrás, num convite à interação.

Enquanto escrevo, estão dormindo em algum canto da casa, está tudo quieto!

Eles me trouxeram velhas lembranças da época que eu era criança, pois gatos sempre foram animais queridos por mim, e os tive em tenra idade.

À época, por “brincadeiras inocentes”, como dizem hoje em dia,

meus irmãos os provocavam, pois se divertiam com minhas reações de medo, de choro, de raiva, de ira, diante das investidas que davam com os cachorros sobre meus gatinhos,

que eram minhas companhias para brincar, em boa parte do tempo!

Meus irmãos eram um pouco mais velhos, e nem sempre tinham paciência para com o irmão mais novo, "euzinho aqui",

e brincadeiras naquele tempo, e infelizmente ainda existem nos dias de hoje, eram deste tipo, com pitadinhas de humores ácidos, bullying, violências veladas, e toxidade,

as quais, sempre negavam na presença dos adultos.

Mimado, medroso, birrento, chorão, fracote, “mulherzinha”, “chora por qualquer coisa”, eram vocabulários comuns, e ainda o é, nos típicos machões, machistas, conservadores, extremistas que repercutem no decorrer da história humana.

Mesmo que inconsciente e visto sem maldade por parte deles, pois era algo comum, aceito socialmente e repassado de geração a geração,

era e é, uma violência traumática e física para os gatinhos, bem como para mim, que, ainda livre de recursos internos, emocionais, intelectuais, dentre outras capacidades de resolução de problemas,

me recolhia na minha “insignificância”, levava pro lado pessoal, como que, meus irmãos não gostassem de mim, e por isso, realizavam estas pequenas maldades.

E me via pensando o que fiz de errado, por que não sou tão bom, porque não gostam de mim, etc..

Isso não me fazia sentir parte da família, nem amado por eles, e provocava afastamentos de minha parte,

em um remoer por dentro, em sentimentos de menos valia, de culpa, outros momentos de vergonha.

Estas práticas, eram realizadas por meus irmãos, primos mais velhos e colegas dos mesmos.

Em muitos momentos, quando escrevo ou falo destas memórias de infância, recebo críticas, como que, quisesse expor a família, em mostrar um lado que muitos negam, inclusive ter acontecido,

mas não faço, com intuitos de julgar, de criticar, de diminuir, me baseando em rancores, mágoas, sentimentos inferiores, mas no entendimento de que, cada um faz, em dado momento, aquilo que é capaz de fazer,

que entende como verdade, que entende como aceitável, e isso vai mudando com o tempo, e não tem como voltar ao passado e refazer estas questões, mas, podemos nestas voltas, aprendermos com as emoções, sentimentos e outros, à época,

aprendermos com estas vivências/experiências, mesmo que negativas, numa ressignificação das mesmas, trazendo para o presente, novas formas de nos relacionarmos com situações parecidas,

e mais ainda, repassando às gerações futuras, modos mais saudáveis de nos relacionarmos e nos tratarmos a nós mesmos e uns aos outros.

Feridas emocionais, bem como traumas, acontecem sim, e na maioria das vezes, de modo aprendido, repassado de geração a geração, mesmo que inconsciente,

e só há um meio de quebrarmos isso, e é rompendo o ciclo.

Por muito tempo, devido aos maus tratos com os gatinhos na infância, eu, temendo reviver situações parecidas, me recusei a adotar filhotinhos como o Merlin e a Maia,

e quantos momentos prazeroso não tenho deixado de presenciar desde então?

Que possamos aprender a zelarmos uns dos outros com mais “racionalidade”, com mais amorosidade, com mais respeito, com mais compaixão, com mais empatia, com mais reciprocidade, com mais cuidado,

com cativares genuínos, com afetos positivos, com mais “brincar”, com mais apoios, com menos julgamentos e condenações, etc.,

como estes pequenos ensinamentos, que os animais “irracionais”, demonstram a nós, em seu viver cotidiano, podemos aprender muito, e um aprendizado que se faz necessário,

é este brincar, reconhecer o outro, sua essência, e ao invés de sufocá-la, permitir que a mesma flua de modo espontâneo e saudável.

Todos ganham quando nos permitimos crescer como nossa essência nos convida, nestes processos de vir a ser, que nos permitem sermos únicos, especiais em nossa subjetividade e tão necessários e importantes quanto aos nossos semelhantes.

Bem vindos Merlin e Maia.

Por Adalmir Oliveira Campos

Entre sobrevidas, idas, vindas, vida...

 


Sou assim, meio de fases,

e de fases, por vezes intensas,

sai até oito e oitenta!

Embora com o tempo e um pouco

mais maduro, já me aturo,

já mais seguro,

me controlo um pouco mais,

dizem, que não podemos

controlar tudo!

E é verdade, e isso inclui a gente...

Há emoções que se despertam diante

de determinados gatilhos,

e sentimentos outros vem,

como que num flashback,

um reviver de sei lá o que,

mas que doeu, e ainda dói,

algo que não se resolveu!

Parte de traumas não superados,

diluídos no corpo.

São feridas ainda abertas,

que o inconsciente chama à cura!

E nestas, ou outras, ou a gente aceita,

cuida, ou surta.

Almas saturadas, embotadas,

não são o que dizem:

preguiçosas, procrastinadoras,

auto sabotadoras, suicidas.

São almas que se perderam, muito além

da própria voz, é uma rouquidão,

uma febre interna, um vácuo de sensações

que dá a entender não existir.

E mina as energias, a vitalidade,

as vontades, o prazer, as alegrias, o ânimo,

a libido, entusiasmos, pães ázimos, o ser!

É uma culpa por não ser o que os

outros querem, o que os outros esperam,

uma vergonha por não resistir este desejo

de fazer parte, romper ciclos, padrões adoecidos, crenças limitantes, e raio o parta.

Vir a ser uma peça para se encaixar,

que não encaixa e desencaixa em si também.

Num mundo de fábricas de sobreviventes,

à espera de um céu que nunca chega,

e a cada dia, parece mais distante.

Cansa esperar uma justiça,

que dizem ser Divina,

mas é injusto e não saudável,

fazer justiça com as próprias mãos,

é algo que foge aos valores mais profundos,

que nos impedem aos ímpetos de morte,

mesmo diante da sobre “vida”, pois é um fardo

que leva aos limites, num sofrimento que nos

acostumaram dizer que cura, como que,

culpados fôssemos por tudo,

E de que valeu a redenção, o sacrifício,

o Cordeiro derradeiro, quem é o criminoso

então, a vítima ou o algoz?

Há justiça?

Não se vive somente de esperanças!

Desesperança é alimento que tem

consumindo o mundo.

Produzem fome, misérias, sede,

e ninguém quer se alimentar destas realidades,

e pagam caro pra fugir, pra se alienarem,

pra aguentar mais um dia.

Felicidade não é daqui, não viemos a passeio,

como que, devemos aceitar o sempre foi assim, o deixa como está,

e continuam os espetáculos de pão e circo, cobras, ratos, leões, tigres, águias...

O mundo é uma selva que querem chamar

de humanidade, mas que humanos são estes

não humanizados, espiritualizados?

Ainda tem sido sobre mil a direita,

dez mil à esquerda, e a massa socada,

se soca mais ainda como que num ringue,

onde ninguém bate na lona,

as apostas são altas pra continuar scripts

Bíblicos, de um passado, que devia ser

uma vergonha, um aprendizado sobre o

que não se repetir.

Nem sempre é personalidade forte,

acredite, é mais escudo e armadura,

pra algo que foi negado, e ainda negam,

dizem que a lei é amor, mas o que há

em seus celeiros além de ouro, prata,

cripto moedas/bitcoins?

As pirâmides ainda se sustentam

à custa daqueles que fugiram do Egito

sob comando dos que se dizem de Deus.

E o fogo queima, feito fogueiras a queimar

as bruxas, e o século é XXI.

Eu sou este, que as chamas secam,

e busca de tempos em tempos,

ressurgir, há momentos que eu acordo

e parece valer a cena,

pena, que são luzes ao fim do túnel,

e falta energia pra chegar lá, e é

preciso empurrõezinhos, estes,

que nos negam por medo de perder,

de serem passados para trás, e o medo,

é um ferro que nos alisa uns aos outros,

são guarda roupas, são cavernas, são bolhas,

são prisões, estas, onde nos querem a lhes

satisfazer as necessidades, a lhes lamber as feridas,

a varrer-lhes e consumir as migalhas.

Eu, sobrevivente... e quantos não são estes

iguais, semelhantes, próximos?

Por Adalmir Oliveira Campos

Pensamentos aleatórios: luz e sombras, claridade e escuridão, nós.

 

Você também tem uns pensamentos aleatórios, que à primeira vista, parecem uma baita confusão mental,
e depois de alguns instantes, parecem querer lhe dizer alguma coisa, como que, algo que se organizou e de modo ordenado, trás informações, conhecimentos outros, que parecem convincentes,
ou melhor, que podem auxiliar um pouco nas transformações de si, nestes processos de vir a ser?
Sei lá, já cansei-me de querer-me salvar seja lá do que for, céu ou inferno.
Em dado momento, não sei qual é pior, um céu, onde vivem as pessoas que se dizem de bem, mas fazem verdadeiros infernos nas vidas próprias e na dos outros,
que vivem julgando e condenando aos semelhantes, se autocondenam, se punem, bem como também o fazem aos que lhes são próximos, em algo que dizem ser eterno, e
só me vem o pensamento de Deus me livre!
Ou se vamos para o inferno, que parece ser somente um pouco mais quente que este orbe,
mas cheio de perseguições, julgamentos, condenações eternas, que mais parecem uma extensão daqui.
Meios termos, parecem-nos bem vindos, um talvez os aceitemos como são, nestas trevas e luz que os permeia.
Sei lá, penso que ser luz, é permiti-la a partir de nossa própria escuridão!
Ontem, quando me deitei, antes de dormir, me vi grato e alegre com a escuridão, a qual, dizem os cientistas, médicos e outros,
que para uma boa noite de sono, a luminosidade do ambiente é importante, e o ideal, é que não se veja o vulto da própria mão à frente dos olhos, depois que as vistas já se acostumaram a esta mesma escuridão.
Esta ausência de luz, me levou a reflexões outras, que me fez ver tamanho valor na escuridão, tanto quanto, ou ainda mais, do que temos visto na luz, esta, a qual propagam aos quatro ventos.
Na noite, na escuridão, esta, na qual não se vê o palmo à frente, se prestarmos atenção, veremos tanto de nós mesmos, como de nossos semelhantes, que não vemos ou percebemos à claras, diante do dia, da luz.
A escuridão nos iguala ao que se refere nossa fisicalidade, este nosso estado corpóreo, em um mundo sem sol, seríamos todos, como a noite sobre a terra,
um Todo, misturado, como as vozes que por vezes, tagarelam em nossas mentes, só que, individuadas, subjetivas, com uma personalidade própria.
A escuridão nos iguala e nos leva a vermos uns aos outros de um modo diferente, pelo toque, pelo cheiro, pelos sons, pelo gosto, e visão outra, que busca enxergar através dos vultos, e o que conta?
Com certeza, as falas, os disse não me disse, o tom da voz, se suave ou forte, baixa ou alta, a força, velocidade e o peso do toque, se bom ou mal ouvinte, se afeta positivamente ou negativamente, o que pode ser percebido além do que se pode ver à luz do dia.
De certo modo, a escuridão nos tira muito do mundo das comparações, no que se refere ao que vemos uns nos outros,
e nem tem essa de bonito ou feio, branco, amarelo ou preto, se olhos verdes, castanhos, azuis, puxados, gordo ou magro, alto ou baixo,
por vezes, na escudridão, me vejo como que, somente tivesse olhos, ou melhor, uma consciência com uma percepção de que existe, bem como aos outros, e somos semelhantes.
O que é um carro, ou uma casa, ou uma cabana no escuro, onde não se vê um palmo à frente?
A escuridão nos revela melhor a nós mesmos, e uns aos outros, o que, muitas vezes, a luz nos cega, pois ela prende a nossa atenção ao que não é essencial,
ao que não pode ser visto ou percebido, a não ser por sentidos outros, sensoriais e não sensoriais, além da visão sob a luz.
A luz pode nos auxiliar a termos uma percepção de nós mesmos, fora desta simbiose coletiva que a escuridão nos põe de certa forma,
nos auxilia a enxergarmos nossas diferenças físicas, características únicas e subjetividades nossas, essa heterogeineidade, que a escuridão faz perceber como homogênea.
A dualidade: escuridão/sombras e claridade/ luz, nos permite uma visão que parte de dentro,
e além da que percebemos dentro, lá fora, projetado no mundo e pessoas, plasmado, do que entendemos como realidade física, corpo/matéria, em que estamos encarnados.
É estranho pensar que a escuridão nos une, e que a luz, de certo modo, nos separa, visto que aprendemos desde sempre, que é o oposto disto que ocorre,
menos no que dizem os poetas, os artistas e os loucos no decorrer da história espiritual e humana.
Precisamos de um sentir abrangente, que nos permita ver em simbiose, em conjunto, em família humana, na busca da satisfação das necessidades de todos, como um corpo só,
bem como, um olhar que nos permita enxergar em nossa individualidade e subjetividade humano/espirituais, num busca de atendermos nossas reais necessidades, individuais e subjetivas,
ao mesmo tempo em que respeitando e buscando atender as reais necessidades de nossos semelhantes, onde a liberdade de um, seja a liberdade do outro e ferir esta liberdade não seja uma opção,
a não ser em autodefesa e a dos demais, em promoção da vida em toda sua simbologia e significação.
Esse emaranhado de pensamentos vão sendo colocados, e por vezes, parecem-me sem sentido, e com sentido, e vou buscando entender sem julgamento, sem preconceito, livre de discriminação de tantas ordens,
e a vida individualmente e coletivamente não seria bem melhor assim?
Seja luz, seja sombras/escuridão, que possamos ver e enxergar com os sentidos mais apurados, além do que os olhos físicos podem ver, percebendo-nos bem como aos outros, assim, na escuridão, como que à luz.
A luz revela a fisicalidade, as cores, as formas, os volumes, nos dá a percebermos as coisas de um modo mais dimensional, nos abre os olhos à fisicalidade, e para muitos, cega a visão, que enxerga além das aparências.
Como temos visto e enxergado conta muito no dia a dia, e promve céus, ou quer acredite ou não, infernos.
Por Adalmir Oliveira Campos

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