Por muitos e muitos anos, eu acreditei na dinâmica e leis de “o segredo”, da atração, do pensamento positivo, do fazer bem aos semelhantes,
mesmo que isso ferisse meus princípios, valores, vontades, necessidades, e o que ganhei com isto?
Dizem que na vida, o que nos vem é benção ou lição,
e sobreviver a tudo isso, demonstra o bom desempenho do aluno, o que se soma aos aprendizados e transformações internas, o que, de certo modo, não há como negar.
Mas, para alguns, existem os abençoados e os amaldiçoados, tudo, por decreto divino, e qual o "incentivo e motivação para ser bom?"
Acredito, ser por isso, tanta gente de bem, destas, que enchem infernos!
Embora tais dinâmicas tenham me ensinado muito,
causaram-me certos desconfortos, estranhamentos, feridas e traumas, que me colocaram em situação de adoecimento,
um distanciamento e esvaziamento de mim mesmo, pois, a história que vinha escrevendo não era sobre mim, era sobre todos, sobre tudo, menos sobre mim, num ser apenas coadjuvante da história.
Uma história, onde todos e cada um, por direito, por graça, deveriam ser protagonistas.
Somos muito amados, somos muito queridos, pelos nossos, pelo próximo (o próximo/semelhante), pelos distantes, pelo sistema, isto,
quando facilitamos aos mesmos, ganhos neste jogo que empreendem, a que chamam o jogo da vida, ou melhor, de sobrevivência, pois são de lutas e de guerras constantes, de competição, de uns contra os outros,
onde dividir o pão, o vinho, o Pai, o Filho, o Espírito, não passa de balela, de conversa pra boi dormir, show de conveniências, de fantasias, de ilusões,
e o narcisismo, o ego ferido e engrandecido, sai ganhando, acumulando, enchendo celeiros,
e dividir, é uma matemática vista como “vai faltar”, vou ficar pra trás, vou ter menos, vou ser menor, vou ter menos atenção, menos holofotes, menos status, menos curtidas, menos comentários, menos compartilhamentos, menos fãs, menos seguidores, menos...
Lembro-me de uma historinha que contava para as crianças da Educação Infantil, quando lecionava,
um conto, que cantava uma música bonita sobre quanto mais se dividia, partilhava, mais se multiplicava,
e menos falta se tinha, em si, no outro, nos outros, nestes, semelhantes, próximos, que erroneamente,
vemos e colocamos como embasamento e justificativas, versículos sagrados,
dizendo que são os milhares a se combater, pois há uma crença errônea de que há os escolhidos, e os que serão deixados à margem,
a uns céu, a uns inferno, e o que importa, e o que afirmam, com estes mesmos versículos sagrados, que a simples leitura, decoreba, e faz de conta que crê e pratica, salva!
Um livro que desconhecem, que usam para fortalecerem suas crenças limitantes, maldosas, carregadas de preconceito, discriminação,
num julgar, condenar, punir constante, impondo medo, culpa, vergonha, como que Boas Novas,
atualmente, acentuando profecias apocalípticas, disseminando o caos, como que,
um ultimato à uma conversão alienante à sua crença, de um salvador que, tal qual, eles, contrariam toda a Lei do Evangelho, baseada no amor, na compaixão, no perdão, no acolhimento, na validação, na cura, no respeito, na partilha, no cuidado, no não julgamento,
no alívio dos fardos, das fomes e sedes, que são tantas, da escravidão, do julgo imposto pelos “senhores do mundo”.
A lei do segredo, da atração, positividade, tem sido nada mais, nada menos,
que uma dinâmica que nos convida a sermos como eles, em desculpas alienantes, que se fazem, que, somente sendo como eles, ou tendo o que eles têm,
é que poderemos realizar as mudanças que se fazem necessárias no mundo, como que, agindo como eles, tendo-os como seu próximo e semelhante, e com ganhos terrenos,
venham a mudar de ideia, acerca de tudo, pelo que dizem lutar.
Nos púlpitos, nos altares, fala-se de prosperidade, de abundância, de riquezas, de casas a cada tempo maiores e melhores,
bem como carros, conquistas outras, viagens, e pouco se fala da simplicidade de como se vestiam e se vestem os lírios do campo,
e do modo com que os passarinhos se alimentam, todos estes, aos cuidados do Altíssimo, do Universo, num abraço, numa entrega...
Se todos tiverem este pensamento milionário, depois bilionário, e irem ao encontro destas ambições e conquistas tão passageiros,
o que não será deles próprios, dos semelhantes, do meio ambiente do qual fazem parte e em que vivem, deste habitat de tantos seres vivos e coisas, outras, que entende-se inertes, e fazem parte desta natureza imensa?
Pode uma mãe nutrir seus filhos, estando esta, esgotada em suas forças, energia, recursos, vigor, animo?
Não veem os filhos, para melhorarem a vida dos que lhes antecederam, com novos entendimentos, jeitos de ser, de estar, de viver,
numa construção a cada tempo mais saudável, antes ignorada e ou desconhecidos, sem se perderem e aos seus, para tanto?
Aumentam a sensação de vazio, de fome, criam situações estressantes, ativam gatilhos emocionais instalados,
mexem com as feridas e traumas, medos, vergonha, culpa, geram caos, a custo de poder, de status, de uma posição no topo, à frente das vitrines, nas primeiras fileiras, em pedestais,
num querer “estar e se colocar à direita de Deus, do Cristo”, quando este “vir em sua Glória”,
mas foi este o legado que o mesmo deixou, foi a isto que o mesmo alertou, e colocou como ensinamento?
Um mundo construído a plástico, a conservantes, a concreto, a vidro, materiais tóxicos,
em uma desconstrução do natural e imposição do artificial, do transgênico, do genérico, do antinatural, antinatureza,
um desconstruir do que Deus, o Deus destes, para um construir arbitrário, bárbaro, egoísta, e (des) humano, como que, a criação do que foi feito à imagem e semelhança, do Qual, pelo Qual, foram criados, tivesse mais valor e merecesse mais crédito.
Jamais, conservador e reacionário, e sim, progressista,
indo de encontro a transformações, educação, convivência, experiência, aprendizados, construções saudáveis,
bem como conscientes, criativas, de valorização da vida, toda ela, inclusive do céu e astros, pó das estrelas, e da terra, pó, dos quais viemos, para os quais, retornaremos,
Acredita-se, bem melhor do que quando aqui viemos, e que assim seja!
Por Adalmir Oliveira Campos
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