O comércio, já grita a alguns meses: "vem aí o dia dos namorados”,
e os solteiros, começam a pensar sobre como será enfrentar este dia, em estando solteiros,
e os casais sobre como o enfrentarão enquanto casal, qual presente dar, o que fazer de diferente,
um jantar, sair para comemorar, e assim por diante.
Ansiedade de ambos, os solteiros e dos que estão namorando,
em alguns, a expectativa de não estarem solteiros à época, em outros, de reconciliação,
de talvez, mais uma oportunidade ou chance de fazer dar certo...
O dia doze de junho carrega muitas histórias, memórias, nem sempre tão felizes,
não é verdade?
E quem mais ganha, é o comércio, não tem como negar, os demais, mais uma continha ou boleto pra pagar,
e o verdadeiro significado das datas vão ficando pelo caminho, nestas demonstrações anuais de um amor condicionado aos contos de fadas,
aos filmes e histórias românticas, num faz de contas, de amores inventados, que buscam se construir e reconstruir num “felizes para sempre.”
E existe isso, de felizes para sempre?
A imagem que se pinta, é que os desafios, as lutas, as dificuldades, os monstros, as bruxas,
o que há de ser vencido para que o amor se torne real, estão na conquista, mas será, na realidade, o que ocorre, o que acontece?
Amor, e amar, vai além de conquistas, bem como do próprio amor em si,
somente o amor não basta!
Felizes para sempre, infelizmente, a verdade tem que ser posta, dura realidade, mais é, não existe!
As pessoas criam expectativas na outras, dão pano pra manga, pro próprio ego, buscam, por vezes uma salvador, uma salvadora,
um príncipe, uma princesa, e alguns ainda querem que venha em cavalos brancos, em carruagens,
em carros de luxo, e com cartão Black sem limites.
Bollywood, está cheio destes sonhos, que vendem como água, mas que, quando passa o efeito da paixão, quando chegam no felizes para sempre,
decepções, mágoas, desamores, ódio, raiva, queda de tantas ilusões.
Amor, não é fantasia, amor não é suprir egos, não é sobre caras metades, metades da laranja, sobre tampa de panelas...
Amor, é sobre vida real, é sobre duas histórias que se encontram, incompletas, e não se completam, apenas continuam a serem escritas,
espera-se, que a dois, buscando inteirezas próprias, mesmo que, compartilhando e construindo histórias,
tendo as vidas em comum, em partilha, que se firmam em escolhas diárias, em acordos, em combinados, em diálogos,
sorrisos e lágrimas, abraços, carícias, sexo bom, sexo ruim, ajustes, reajustes,
por vezes amor, por vezes ódio,
por vezes bom humor, por vezes mal humor, hálito bom, hálito não tão bom,
distanciamento, reaproximação, verdadeiras construções, um castelo de cartas eu diria, que merece cuidados diários para não desmoronar.
Não, amor não é como nos contos de fadas, não é sobre finais felizes e pronto,
são sobre, o pós finais felizes,
e se vão ser sempre felizes, ledo engano, não passo pano, não iludo, digo não.
Amor e amar, não é como brincar de casinha, papai e mamãe, ou de médico,
isso são ideias, e ideais infantis, que buscam na realidade, perfeição, inteireza, prontidão, e amor não é sobre isso,
repito, é sobre construção!
Se vai durar pra sempre, ou não, nunca se sabe, mas fazer valer a pena, cabe a dois em reciprocidade,
em entregas, em partilhas, nestes mesmos cuidar, cativar, construir, reconstruir, fazer acontecer.
Sobre a solteirice, vale saber neste dia, que antes só, que mal acompanhado,
e sobre amar e ser amado, o amor, sempre começa e termina na gente mesmo,
no depois que a morte nos separe, quem vai, não é a gente mesmo, sozinho?
Que antes do felizes a dois, que busquemos sempre, primeiramente, sermos felizes com a gente mesmo,
com nossas sombras, com nossas imperfeições, com nossa luz, com nossa perfeição, pois é nesta dualidade linda que vamos nos tornando quem viemos para nos tornar,
e vamos, estando, quem viemos para estar, a dois ou não, que sejamos nossa primeira escolha.
E como dizem, solteiros ou namorando, tá tudo bem!
Por Adalmir Oliveira Campos
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