Você também tem uns pensamentos aleatórios, que à primeira vista, parecem uma baita confusão mental,
e depois de alguns instantes, parecem querer lhe dizer alguma coisa, como que, algo que se organizou e de modo ordenado, trás informações, conhecimentos outros, que parecem convincentes,
ou melhor, que podem auxiliar um pouco nas transformações de si, nestes processos de vir a ser?
Sei lá, já cansei-me de querer-me salvar seja lá do que for, céu ou inferno.
Em dado momento, não sei qual é pior, um céu, onde vivem as pessoas que se dizem de bem, mas fazem verdadeiros infernos nas vidas próprias e na dos outros,
que vivem julgando e condenando aos semelhantes, se autocondenam, se punem, bem como também o fazem aos que lhes são próximos, em algo que dizem ser eterno, e
só me vem o pensamento de Deus me livre!
Ou se vamos para o inferno, que parece ser somente um pouco mais quente que este orbe,
mas cheio de perseguições, julgamentos, condenações eternas, que mais parecem uma extensão daqui.
Meios termos, parecem-nos bem vindos, um talvez os aceitemos como são, nestas trevas e luz que os permeia.
Sei lá, penso que ser luz, é permiti-la a partir de nossa própria escuridão!
Ontem, quando me deitei, antes de dormir, me vi grato e alegre com a escuridão, a qual, dizem os cientistas, médicos e outros,
que para uma boa noite de sono, a luminosidade do ambiente é importante, e o ideal, é que não se veja o vulto da própria mão à frente dos olhos, depois que as vistas já se acostumaram a esta mesma escuridão.
Esta ausência de luz, me levou a reflexões outras, que me fez ver tamanho valor na escuridão, tanto quanto, ou ainda mais, do que temos visto na luz, esta, a qual propagam aos quatro ventos.
Na noite, na escuridão, esta, na qual não se vê o palmo à frente, se prestarmos atenção, veremos tanto de nós mesmos, como de nossos semelhantes, que não vemos ou percebemos à claras, diante do dia, da luz.
A escuridão nos iguala ao que se refere nossa fisicalidade, este nosso estado corpóreo, em um mundo sem sol, seríamos todos, como a noite sobre a terra,
um Todo, misturado, como as vozes que por vezes, tagarelam em nossas mentes, só que, individuadas, subjetivas, com uma personalidade própria.
A escuridão nos iguala e nos leva a vermos uns aos outros de um modo diferente, pelo toque, pelo cheiro, pelos sons, pelo gosto, e visão outra, que busca enxergar através dos vultos, e o que conta?
Com certeza, as falas, os disse não me disse, o tom da voz, se suave ou forte, baixa ou alta, a força, velocidade e o peso do toque, se bom ou mal ouvinte, se afeta positivamente ou negativamente, o que pode ser percebido além do que se pode ver à luz do dia.
De certo modo, a escuridão nos tira muito do mundo das comparações, no que se refere ao que vemos uns nos outros,
e nem tem essa de bonito ou feio, branco, amarelo ou preto, se olhos verdes, castanhos, azuis, puxados, gordo ou magro, alto ou baixo,
por vezes, na escudridão, me vejo como que, somente tivesse olhos, ou melhor, uma consciência com uma percepção de que existe, bem como aos outros, e somos semelhantes.
O que é um carro, ou uma casa, ou uma cabana no escuro, onde não se vê um palmo à frente?
A escuridão nos revela melhor a nós mesmos, e uns aos outros, o que, muitas vezes, a luz nos cega, pois ela prende a nossa atenção ao que não é essencial,
ao que não pode ser visto ou percebido, a não ser por sentidos outros, sensoriais e não sensoriais, além da visão sob a luz.
A luz pode nos auxiliar a termos uma percepção de nós mesmos, fora desta simbiose coletiva que a escuridão nos põe de certa forma,
nos auxilia a enxergarmos nossas diferenças físicas, características únicas e subjetividades nossas, essa heterogeineidade, que a escuridão faz perceber como homogênea.
A dualidade: escuridão/sombras e claridade/ luz, nos permite uma visão que parte de dentro,
e além da que percebemos dentro, lá fora, projetado no mundo e pessoas, plasmado, do que entendemos como realidade física, corpo/matéria, em que estamos encarnados.
É estranho pensar que a escuridão nos une, e que a luz, de certo modo, nos separa, visto que aprendemos desde sempre, que é o oposto disto que ocorre,
menos no que dizem os poetas, os artistas e os loucos no decorrer da história espiritual e humana.
Precisamos de um sentir abrangente, que nos permita ver em simbiose, em conjunto, em família humana, na busca da satisfação das necessidades de todos, como um corpo só,
bem como, um olhar que nos permita enxergar em nossa individualidade e subjetividade humano/espirituais, num busca de atendermos nossas reais necessidades, individuais e subjetivas,
ao mesmo tempo em que respeitando e buscando atender as reais necessidades de nossos semelhantes, onde a liberdade de um, seja a liberdade do outro e ferir esta liberdade não seja uma opção,
a não ser em autodefesa e a dos demais, em promoção da vida em toda sua simbologia e significação.
Esse emaranhado de pensamentos vão sendo colocados, e por vezes, parecem-me sem sentido, e com sentido, e vou buscando entender sem julgamento, sem preconceito, livre de discriminação de tantas ordens,
e a vida individualmente e coletivamente não seria bem melhor assim?
Seja luz, seja sombras/escuridão, que possamos ver e enxergar com os sentidos mais apurados, além do que os olhos físicos podem ver, percebendo-nos bem como aos outros, assim, na escuridão, como que à luz.
A luz revela a fisicalidade, as cores, as formas, os volumes, nos dá a percebermos as coisas de um modo mais dimensional, nos abre os olhos à fisicalidade, e para muitos, cega a visão, que enxerga além das aparências.
Como temos visto e enxergado conta muito no dia a dia, e promve céus, ou quer acredite ou não, infernos.
Por Adalmir Oliveira Campos
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