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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Entre sobrevidas, idas, vindas, vida...

 


Sou assim, meio de fases,

e de fases, por vezes intensas,

sai até oito e oitenta!

Embora com o tempo e um pouco

mais maduro, já me aturo,

já mais seguro,

me controlo um pouco mais,

dizem, que não podemos

controlar tudo!

E é verdade, e isso inclui a gente...

Há emoções que se despertam diante

de determinados gatilhos,

e sentimentos outros vem,

como que num flashback,

um reviver de sei lá o que,

mas que doeu, e ainda dói,

algo que não se resolveu!

Parte de traumas não superados,

diluídos no corpo.

São feridas ainda abertas,

que o inconsciente chama à cura!

E nestas, ou outras, ou a gente aceita,

cuida, ou surta.

Almas saturadas, embotadas,

não são o que dizem:

preguiçosas, procrastinadoras,

auto sabotadoras, suicidas.

São almas que se perderam, muito além

da própria voz, é uma rouquidão,

uma febre interna, um vácuo de sensações

que dá a entender não existir.

E mina as energias, a vitalidade,

as vontades, o prazer, as alegrias, o ânimo,

a libido, entusiasmos, pães ázimos, o ser!

É uma culpa por não ser o que os

outros querem, o que os outros esperam,

uma vergonha por não resistir este desejo

de fazer parte, romper ciclos, padrões adoecidos, crenças limitantes, e raio o parta.

Vir a ser uma peça para se encaixar,

que não encaixa e desencaixa em si também.

Num mundo de fábricas de sobreviventes,

à espera de um céu que nunca chega,

e a cada dia, parece mais distante.

Cansa esperar uma justiça,

que dizem ser Divina,

mas é injusto e não saudável,

fazer justiça com as próprias mãos,

é algo que foge aos valores mais profundos,

que nos impedem aos ímpetos de morte,

mesmo diante da sobre “vida”, pois é um fardo

que leva aos limites, num sofrimento que nos

acostumaram dizer que cura, como que,

culpados fôssemos por tudo,

E de que valeu a redenção, o sacrifício,

o Cordeiro derradeiro, quem é o criminoso

então, a vítima ou o algoz?

Há justiça?

Não se vive somente de esperanças!

Desesperança é alimento que tem

consumindo o mundo.

Produzem fome, misérias, sede,

e ninguém quer se alimentar destas realidades,

e pagam caro pra fugir, pra se alienarem,

pra aguentar mais um dia.

Felicidade não é daqui, não viemos a passeio,

como que, devemos aceitar o sempre foi assim, o deixa como está,

e continuam os espetáculos de pão e circo, cobras, ratos, leões, tigres, águias...

O mundo é uma selva que querem chamar

de humanidade, mas que humanos são estes

não humanizados, espiritualizados?

Ainda tem sido sobre mil a direita,

dez mil à esquerda, e a massa socada,

se soca mais ainda como que num ringue,

onde ninguém bate na lona,

as apostas são altas pra continuar scripts

Bíblicos, de um passado, que devia ser

uma vergonha, um aprendizado sobre o

que não se repetir.

Nem sempre é personalidade forte,

acredite, é mais escudo e armadura,

pra algo que foi negado, e ainda negam,

dizem que a lei é amor, mas o que há

em seus celeiros além de ouro, prata,

cripto moedas/bitcoins?

As pirâmides ainda se sustentam

à custa daqueles que fugiram do Egito

sob comando dos que se dizem de Deus.

E o fogo queima, feito fogueiras a queimar

as bruxas, e o século é XXI.

Eu sou este, que as chamas secam,

e busca de tempos em tempos,

ressurgir, há momentos que eu acordo

e parece valer a cena,

pena, que são luzes ao fim do túnel,

e falta energia pra chegar lá, e é

preciso empurrõezinhos, estes,

que nos negam por medo de perder,

de serem passados para trás, e o medo,

é um ferro que nos alisa uns aos outros,

são guarda roupas, são cavernas, são bolhas,

são prisões, estas, onde nos querem a lhes

satisfazer as necessidades, a lhes lamber as feridas,

a varrer-lhes e consumir as migalhas.

Eu, sobrevivente... e quantos não são estes

iguais, semelhantes, próximos?

Por Adalmir Oliveira Campos

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