Além de muito triste, é muito perigoso se ver através dos olhos dos outros.
Primeiramente, triste, porque, na verdade, a pessoa não se conhece realmente,
a não ser o que capta do que falam dela, do que expectam/esperam dela, de seus resultados, na maioria bons,
embora, sejam também, bem notados, e na maioria das vezes, combatidos os resultados negativos, como se não pudesse ser perfeita ou incorruptível,
e não é, como se toda a humanidade, em dado momento assim o fosse,
a partir desta lógica, em segundo lugar, é perigoso, pois não sabemos como é o coração destes outros que nos apresentam a nós mesmos, e que nos apresentam aos outros,
ou que por vezes, nos apresentam ao mundo, como que, tivessem permissão divina para tal feito,
nem conhecemos seus olhos, seus pensamentos, emoções, sentimentos, se bons ou ruins...
Mas quem se coloca neste papel de justiceiros, de juízes, lá são bons, lá tem boas intenções,
lá buscam agir com justiça, com respeito, com amorosidade, com compaixão, com misericórdia, com perdão e reconciliação?
Sei não, as experiências que tive na vida, determinam que, em maioria, a resposta seria uma negativa.
Se ver através dos outros, do que pensam, do que sentem, do que falam, do que esperam, é seguir como um animal irracional,
que necessita de uma direção de um outro, que se julga superior,
e cá entre nós, se somos semelhantes uns aos outros, por acaso, existe algum superior, a não ser o Próprio Deus que dizem cultuar,
ou o Universo e seus mistérios, ou o que não compreendemos à cerca de tanto, do Todo?
"Vem aqui, vai pra lá, faz assim, faz assado, assim não está bom, assim é melhor, você é ruim, você não é tão bom, você é um pecador, você não faz nada que preste,
você deveria agir assim, assim é mais correto, você não era assim, usa esta que é mais bonita,
ou esta que é melhor, isso não combina com você, se você fizer isso deserdo você, como você ousa? (...)."
Que emaranhado não? Que caos, que confusão!
E quem realmente somos nesta bagunça toda?
A resposta seria: quem nos permitimos ser, através dos outros até o momento, numa visão turva e inconsciente,
ou até semi consciente e permissiva, por não saber como falar, como agir por si, como dizer sim sim, não, não,
num desrespeito, e desamor à própria essência, ser e estar.
Não fomos ensinados a defendermos a nossa essência, ser e estar,
e sim, por vezes a “honra” da família, as crenças, mesmo que, já um pouco em desuso e não saudáveis,
modos de conviver e de se relacionar adoecidos, dogmas religiosos que se baseiam em leis e normas de antigos testamentos,
onde imperavam a barbárie, o olho por olho, o dente por dente, uma educação bancária e deficiente,
onde só o dois mais dois, e o bê-á-bá importava,
doutrinações, condicionamentos, que fizeram de nós, seres espirituais encarnados em corpos humanos, em sua maioria, marionetes nas mãos dos mais espertos,
de usurpadores, de hipócritas, de sangue sugas, os ditos donos do mundo, do poder,
lideranças políticas, religiosas e tantos outros,
onde ainda está em voga, serem lobos em peles de cordeiros, onde tudo é válido, para que mantenham o poder e dominação sobre.
E vive-se entre a realidade e irrealidade, em dissociação, em alienação, um pé no chão, outro nas estrelas,
fugas, para não se deteriorar de vez, ou vir a se perder, embora já sem norte ou rumo, neste vir a ser e estar.
Dizem que somos livres, mas quem o é, onde tudo se estruturou de tal modo, neste Status Quo,
a se entender e a se perceber, num loop, nada criativo, nada recreativo, no que se refere o seja feita a Vossa Vontade e jamais, a própria.
Uma multidão conhecida como humanidade, tratada desumanamente, como que, nada fossem semelhantes uns dos outros,
como que, uns humanos e espiritualizados, e outros não, nem considerados gente.
O outro, pode até ser considerado espelho, por onde nos enxergamos, nos conhecemos, aprendemos, e buscamos evoluir, através,
mas não podem ser lidos, ou sentidos pelo tato, ou olfato, ou ouvidos, ou ainda degustados, como que, um manual de instruções de ser, de estar, de vir a ser, de vir a estar,
esta receita, este manual, esta bíblia, é construída dia a dia, a partir de si, persona a persona, essência a essência, ser a ser, estar a estar, vir a ser, vir a ser, vir a estar, vir a estar,
subjetividade a subjetividade, consciência a consciência, onde cada um faz por si, no tempo, no espaço, no estado/estágio de evolução/prontidão em que se encontra, bem como a humanidade.
Pode-se entender o presente, lendo o passado, mas o futuro se escreve fazendo diferente do que foi feito neste mesmo passado,
de preferência, evitando repetir os mesmos erros, que geraram tanta violência, barbárie, fome, e morte mundo afora, e mundo adentro,
em cada um de nós, e dos que nos antecederam.
Ser e estar, vir a ser e vir a estar, é algo, para muitos, ainda inédito, incompreendido, inalcançável,
e infelizmente, tamanha ausência de si mesmos, em entregas aos outros, diria, muitos, sem salvação,
ao menos neste momento da história de cada um, o que seria muito triste, caso a existência fosse realmente um breve momento,
e depois, um mais nada.
Ser e estar, vir a ser e vir a estar, é uma história que se conta,
ou que ao menos deveria ser contada, a partir de si, e não pelas bocas e bocas alheias, nas quais somos o que elas querem, pensam, expectam, etc..
Ser e estar, vir a ser e vir a estar, é construção, que se faz a partir de dentro,
e que não precisa seguir cópias, ou modelos externos, principalmente estereotipados e desumanos, sem crítica, sem questionamento.
Ser e estar, vir a ser e vir a estar, é um caminho que se percorre, e cada um paga o preço por si,
embora, quem corrobora, colabora, ou deixa de colaborar, tem suas parcelas a serem pagas, nas consequências do que se envolveram, e se deixaram envolver.
Somos responsáveis pelo que cativamos, pelo modo que afetamos, e somos cativados, e nos permitimos afetar.
Por Adalmir Oliveira Campos
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