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quinta-feira, 1 de junho de 2023

Quem realmente ganha com o ralar de ostras?

 


Já me vi, por muitas vezes, em conflitos internos, o que também denominam crise existencial, diante de muitos fatos ocorridos historicamente, culturalmente/socialmente,

nos processos de vir a ser da humanidade, diante de crenças religiosas e ou outras que colocam os seres humanos tão distantes de si mesmos e de uns dos outros.

Muitas religiões buscam fortalecer o entendimento de que tudo tem um propósito e tudo são desígnios do Divino, 

mas a cada ano que passa, me vejo em dúvida à respeito, não que venha a negar a existência de Deus, do Criador, do Universo, 

mas colocar em questionamento conhecimentos pré estabelecidos/determinados como os corretos, adequados, 

em uma doutrinação dogmática que tolhe e repreende qualquer posicionamento contrário, a princípio, com pena de morte, em leis severas, extremistas, obscuras e anticristãs ou anti Divino, anti Universo.

Uma história toda incongruente, cheia de dualidade, cheia de disse não me disse, de faça o que eu falo/ordeno, mas não faça o que eu faço.

São teorias e mais teorias acerca de tudo, crenças limitantes, escravizantes, de estagnação e de escravização da força humana e espiritual, de muitos, nem conhecida como tal.

Diferenciação de classes, dignos e indignos, culpados e inocentes, puros e impuros, escolhidos e não escolhidos, 

pré destinados e não predestinados, aptos e inaptos, merecedores, não merecedores, preteridos, não preteridos, dominantes e dominados, escravos e senhores...

E a tudo, atribuem ser vontade de Deus, do Universo, uma não evolução ou progresso, incompetência de quem não fez por merecer,

dívidas que se acumulam geração a geração, as quais somente aumentam, como que, a estender e a multiplicar, 

as mesmas num escravizar, culpa, medos, vergonha eternos.

A quem interessa o ralar de ostras? 

Quem realmente ganha com o ralar de ostras?

Realmente ganha a ostra, ao se ralar, em busca da produção da pérola? 

Seria o ralar de ostras, apenas um legado às próximas gerações de ostras, ou melhor, as próximas gerações de ostras, ganharão algo, com este “legado”?

Existe a divisão por castas, por classes, por héteros e não héteros, deficientes e não deficientes, fortes e não fortes, capazes e não capazes, empregadores e não empregadores (empregados), escravizados e senhores de escravos, etc., e tal, 

por vontade Divina, por atração, por vibração em negativo ou positivo, e por aí afora, 

e é tudo "a vontade de Deus, do Universo,"

tudo faz parte desta trama, a qual, não se conhece toda a história, 

ou melhor, a sua inteireza, e portando, não se pode questionar, não se pode reclamar, não se pode renegar/negar, 

aceitação, é o que dizem, que faz entrar no fluxo, fazer parte, estar no caminho.

Questiona-se muito a Deus, se Este fez as coisas para serem como são, 

para não serem questionadas, para não serem vividas, para não serem experienciadas, para delas não buscar sentir ou ter prazer, para renuncias, etc., 

por que nos fez seres inteligentes, porque nos fez seres questionadores, porque nos fez criativos e capazes de criar tantas coisas, cuja as possibilidades dizem serem infinitas?

E volto às ostras, estas, que recebem em seu interior um cascalho ou algo semelhante, que lhe agride internamente, 

e por defesa, em busca de combater esta agressão, os anticorpos criam resistências, e buscam combater o corpo estranho, 

como as células humanas combatem um câncer, um vírus ou bactéria, 

e sofre, e dizem que esta se fortalece, e deste sofrimento, como louros da luta, da resiliência, da coragem, força, energia desempenhada, sacrifícios, tempo de vida e energia empreendidos, 

desenvolvem a pérola, mas quem se beneficia com esta?

São as próprias ostras ou quem as cultiva?

Sei lá, sempre questiono o mundo capitalista, as visões neoliberais, extremistas, conservadoras, reacionárias,

e como ostras, ao fim da existência, me pergunto, quem ganha com todo este ralar? 

Meus sucessores hierárquicos, num vir constante, geração após geração, em melhores condições de vida e de existência, 

ou os que, de certo modo, como fazendeiros, donos nossos, cultivadores nossos, e seus sucessores e o Estado?

É nítido que o rico a cada tempo fica mais rico, e o pobre a cada tempo fica mais pobre, 

e seria isto, realmente vontade de Deus, do Universo, 

ou uma mera criação daqueles que aprenderam a manipular as sombras, em dominando assim, os que permanecem presos nas cavernas, presos às ilusões, cheias de medo, de culpa, de vergonha?

Céu e inferno, são postos como condições, o que se alcança por mérito, e permanecemos na constante questão existencial:

se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, e como ficamos, Todos nesta história?

Deus e demônio, não seriam meros argumentos usados para controle e ordem das massas, em suas revoltas em busca de uma vida mais em equidade, mais harmônica, 

onde direitos e deveres sejam semelhantes, assim como todos, se entendem, ou quase todos, como filhos de Deus, feitos à imagem e semelhança Deste?

Até quando suportaremos escravidão, ralar de ostras, competição, guerras, barbáries, violência e morte, por acreditar ser a vontade de Deus, do Universo, 

e sendo todo este sofrimento e dor, consequências, das quais devemos nos responsabilizarmos, por termos contrariado a vontade dos mesmos?

Não consigo entender Deus como sendo algo mundano, humano, contraditório, conservador, extremista, narcisista, odioso, incongruente, como o pintam deste que começamos a nos diferenciar de outros animais, 

por nos entendermos inteligentes, criativos, racionais, sábios, em comparação aos outros animais e seres vivos da Criação.

Talvez eu esteja errado, mas em meus “erros”, me prefiro, 

a viver uma verdade que me nega, que me excluí, que me diz a todo instante que não sou filho, que não sou válido, que não sou bom o suficiente, que não sou digno, que não sou merecedor, que não sou Semelhante Deste, que não sou (...), 

o mundo e os seres que se dizem humanos já me dizem isto a todo instante, 

e um Deus assim, não seria mais um destes seres humanos egoístas, egóicos, prepotentes, narcisistas, transtornados, adoecidos em sua mente, personalidade, emoções, espiritualidade, “totalidade?”

Por Adalmir Oliveira Campos

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