Rasgou-se o céu.
Rasgou-se o véu.
Me vejo às vezes ao léu.
Lembranças vão e veem.
Desnudam-me a alma.
Me deprimo, me envergonho,
me culpo.
Me vejo insano, pouco santo,
misero pecador!
Horror.
Logo eu que tão humano
sempre quis e almejei a luz
e perfeição.
Realidade.
Perfeição só na ficção, no mundo das
idéias ou no mundo de Deus.
Quem sabe um dia eu não caiba lá!
Sopra o vento.
Correm as águas, frias e turvas,
furiosas ao se misturar com a
chuva e às vezes às tempestades.
Sopra o vento.
Correm poeiras, areias feito dunas
a se formarem aqui e ali.
A cegar, a encobrir, a sufocar às vezes.
E eu, aqui.
E eu, ali.
Rasga-se o céu.
Rasga-se o véu.
E eu me vejo ao léu.
Entregue às lembranças, dos tempos que
se foram, dos tempos que se perderam
no tempo, e no tempo que virá.
Correm sangue nas veias, na pele, vermelho
viscoso, chagas abertas...
Pecado mundano, insanidade que consome.
Alienação que condena.
Vida e morte.
Morte e vida.
Vida em morte.
Morte em vida.
E a pureza se foi, quando a criança se perdeu.
Nu, selos e lacres da pureza violados, violentados
pelo homem que cresceu, que surgiu, da criança que morreu.
Luto.
Confuso grito nas trevas.
Busca de luz acima, pois abaixo só escuridão.
Tento em vão costurar os céus.
Tento em vão costurar os véus.
Tento em vão sair da pertença de estar ao léu.
Afronta às leis naturais.
Afronta às lei celestiais.
Afronta aos cosmos e tudo que há e nada mais.
Que bom seria se viéssemos com manual de instruções.
By Adalmir Oliveira Campos
adalmir-campos.blogspot.com.br
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